Os violentados...
Os depoimentos aqui registrados foram retirados da revista Quebrando o Silêncio – Teen – Edição 2015 – Ministério da Mulher da União Sul Brasileira
Os violentados... Fisicamente
“Violência Física é toda ação que cause dor física, desde um
simples tapa até o espancamento.” (Violência Doméstica na Infância e Adolescência,
SP, Robe, 1995.
“Assim que ele chegou, senti o cheiro forte do álcool e já
ouvi: “Sai pra lá!” e me empurrou do sofá. Enquanto levantava, agarrou meu
braço e me jogou na parede. Chorando disse a ele que já estava indo. Mas mal
terminei de falar, já levei um soco no rosto. Na hora saiu sangue, mas ninguém
ligou e agora que ficou roxo não posso sair para ter que dar explicações.
Meu pai é sempre nervoso assim e minha mãe, por medo, não
quer se intrometer.”
Os violentados... Psicologicamente
“Violência psicológica é a ação ou omissão destinada a
degradar ou controlar as ações, comportamentos, crenças e decisões de outra
pessoa, por meio de intimidação, manipulação, ameaça direta ou indireta,
humilhação, isolamento ou qualquer outra conduta que implique prejuízo à saúde
psicológica, à autodeterminação ou ao desenvolvimento pessoal”. (Manual para
atendimento às vítimas de violência, Rede de Saúde Pública do DF).
“ Minha mãe disse que eu sou a pior coisa que existe...
talvez ela tenha razão.
Hoje ouvi ela falando ao telefone. Na verdade, preferia não
ter ouvido. Ela dizia o quanto eu era lerda, incapaz, feia e que não fazia nada
direito. Quando meu viu ali, parada ouvindo, ainda acrescentou que se soubesse
que ter filho era isso, preferia ter abortado!
... Queria sumir.”
Continua...
Boa noite. Fico feliz em saber que esse tema está sendo tratado nas escolas.
ResponderExcluirIrei relatar a minha história:
Meus pais se separaram quando eu tinha 3 anos. Minha mãe foi embora deixando tudo para meu pai. Fomos morar de aluguel em um porão de uma senhora em uma cidade do interior de Santa Catarina. Minha mãe mulher guerreira trabalhava muito para nos dar sustento.
Dois anos após a separação, minha mãe conheceu um homem que prometeu o céu e a terra para ela. Os dois se juntaram e nos mudamos para uma casa, na mesma cidade. Eu com 5 anos agora, via minha querida mãe feliz.
Meses se passaram e aquele homem começou a entrar no meu quarto, eu não entendia o porque ele tanto me acariciava. Ele sempre falava que era para o meu bem.
Quando completei minha pré-adolescência ele me olhava de forma estranha e fazia comentários do tipo"se eu te pegar não sei o que poderia fazer"
Comecei a me cuidar mais. Trancava a porta do meu quarto para que ele não pudesse entrar nos momentos que minha mãe estava no trabalho.
Até que um dia eu deixei a porta aberta, pois eu estava recolhendo a roupa para ajudar minha mãe com as tarefas domésticas, esse maldito homem me empurrou no quarto e arrancou minha roupa. Gritei muito, mas ninguém me escutou.
Quando minha mãe chegou em casa, eu estava prestes a contar para ela, mas ele me ameaçou dizendo que iria falar que eu tinha dado pra ele.
Os dias foram passando e as ameaças continuavam e os assédios também.
Quando completei 15 anos conheci um menino numa festinha de escola. Com o tempo ele me pediu em namoro e aceitei. Foi muito legal essa experiência para mim, pois ele foi meu porto seguro para essas coisas que haviam acontecendo comigo.
Nunca contei para ele, mas eu fazia de tudo para ficar perto dele para que nada de mal acontecesse comigo.
Mas aquele nojento de homem que se dizia meu padrasto, falava que o meu namoradinho era maconheiro para minha mãe e fez a cabela dela para que eu terminasse esse namoro.
Eu falei para minga mãe que eu não iria terminar,pois ele era além de namoradinho de escola um grande amigo. Minga minha mãe falou que eu era uma vagab#*# e outras coisas mais. Isso me doeu muito. Naquele momento quando eu iria falar do assédio o monstro a chamou para fazer alguma coisa e quando ela saiu ele disse que se eu falasse algo ele iria disser que era eu que dava em cima dele.
Dias se passaram e para que minha mãe não ficasse chateada comigo, eu terminei o namoro. Minha vida virou um inferno, pois ela dizia que eu era uma vadia por namorar. Infelizmente eu sabia que isso era tudo veneno do maldito padrasto.
O tempo foi passando e eu fui aguentando. Fui assediada várias vezes e não tinha forças para contar para minha mãe. Parecia que algo trancava no meu peito no momento que eu iria contar para ela.
Quando de repente Minha mãe descobriu uma doença incurável. Eu fiquei desesperada, pois só tinha ela na minha vida. Mas parecia que aquilo que estava acontecendo, aguçava aquele demonio.
Esse desgraçado parecia que contava os dias para ela morrer, mas para todos esse nojento se fazia de vítima.
Até que um dia no meio de tanto cinismo eu falei umas poucas verdades na cara do desgraçado, e minha mãe só pegou a parte em que eu falei que ele era um podre.
Levei um esporro dela e ela me disse que eu era uma vadia. E nojento só olhava.
Quando o nojento saiu para trabalhar, Deus me deu força e eu contei tudo para minha mãe. Ela abaixou a cabeça, pegou uma cadeira, sentou-se e respirou fundo.
Ela levantou-se e foi buscar algo. Quando ela voltou, ela me trouxe o documento da nossa casa, que ela havia comprado, e me pediu para guardar e nunca dizer que estava comigo.
No dia seguinte ela começou a sentir fortes dores, e ela caiu no chão. No chão ela se ajoelhou e olhou no fundo de meus olhos e me pediu PERDÃO.
Perdão por nunca ter visto o que estava acontecendo.
No mesmo dia ela faleceu.
Essa é minha história. Obrigada por dar esse espaço para eu compartilhar.
Espero que tenhas superado seus traumas! Esta é a intenção deste canal de comunicação, que aconteça os desabafos anônimos ou não, pouco importa, porque sabemos que psicologicamente nos sentirmos melhores quando falamos ou escrevemos sobre nossos sentimentos e vivências, sejam elas boas ou más. Saiba que conseguir contar a sua história já é sinal de superação. Estamos sempre abertos para escutar, seja através da escrita no blog ou presencial na sala dos ATP´s. Abraços e muita luz em sua vida.
ExcluirSamuel Lourenço - Assistente Técnico Pedagógico